O jornalista Fernando Lemos lança seu olhar crítico e provocativo sobre temas atuais, alimentando um debate sobre o Ponto de Interseção ao qual a Humanidade vem se submetendo para desfrutar dos "benefícios" da modernidade, sob a ótica da Naturologia e de um dos mais importantes gurus do ideal naturopata, Efraín Melara.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Melara

O tratamento sintetizado e sistematizado por Melara não tem similar no mundo. Porque ele parte do princípio de que as doenças não existem, e que por isso mesmo também a cura não existe. Ele não busca a cura, como todos os que trabalham na busca da saúde, seja na alopatia ou na homeopatia, seja na medicina chinesa ou na medicina ayurvédica. Ou mesmo no que chamam de Naturopatia, diluída pelo sistema. Ele simplesmente desenvolveu métodos para reequilibrar o organismo, que levam ao desaparecimento de todos os sintomas, desde que ainda haja o que ele chama de mínimo vital, pouco importa a gravidade. Para ele, não existe uma diferença básica entre um paciente que tem gripe ou câncer. Ele vai realmente às causas, não usa nenhum tipo de medicamento, apenas a natureza e seus conhecimentos ancestrais. E os resultados são extraordinários.

E ele é a prova viva da eficácia de seus métodos: aos 87 anos, tem poucos cabelos brancos, poucas rugas, uma incrível energia, acorda todos os dias às 4 horas da manhã, faz ginástica, corre em volta da chácara onde mora, lê e escreve sem parar, atende os pacientes pela ordem de chegada duas vezes por semana, jamais fica doente e está sempre de bom humor.

Herdeiro da tradição dos druidas, a elite científica e intelectual dos celtas, Melara é descendente direto dos maias, aborígenes que ocupavam a região onde hoje se localiza a América Central, para ele a antiga Atlântida, uma civilização muito avançada. Melara rejeita a herança dos colonizadores, que para ele apenas destruíram uma civilização avançada, pacífica, substituindo-a por uma civilização doente.

Melara foi do Partido Comunista, exilado político, guerrilheiro, sofreu torturas, foi amigo do revolucionário cubano Camilo Cienfuegos, braço direito de Fidel Castro, conviveu com Ernesto Che Guevara, trocou correspondências com Fidel, mas não se tornou um político.

Os senhores devem estar se perguntando por que a vida de um salvadorenho que mora isolado no interior do Brasil, de forma modesta, pode interessar aos telespectadores de outros países. A explicação é simples: por causa dos impasses civilizatórios que colocam em risco a própria sobrevivência do planeta – mudanças climáticas, aquecimento global, degelo nos pólos, desastres naturais, esgotamento dos recursos naturais, desertificação da Terra, superpopulação, fome e miséria globais, guerras e aumento da criminalidade e a degeneração da espécie humana pela perda da saúde. Simplesmente porque o homem tomou o caminho errado, desrespeitando as leis biológicas, o que levou às chamadas doenças, ao descompromisso com a natureza e ao desenvolvimento de uma civilização doente, até chegarmos aos impasses com que nos defrontamos, após mais de dois mil anos de história.

Melara é, por opção, um homem recluso, que vive modestamente em uma chácara na periferia de Brasília, capital do Brasil, que não faz propaganda de seu trabalho, que não se expõe em palestras ou seminários, que não tem site na Internet, que edita seus livros em edições caseiras que não são encontrados em livrarias. Não busca a fama, nem dinheiro, nem reconhecimento, nem fila de gente na porta de seu consultório. Ele escreve, pesquisa, amplia seus conhecimentos para deixar pegadas profundas para a posteridade através de seus livros e do seu sistema de busca da saúde.

Tem 11 livros publicados, 7 prontos ou em gestação aguardando publicação, dezenas de folhetos que distribui gratuitamente, sobre a Naturopatia. Sintetizou e organizou todo um conhecimento milenar - a naturologia, a naturopatia, a iridologia, as naturoterapias, que descreve em seus livros e transmite a umas poucas pessoas com quem se relaciona e a sua mulher, Consuelo, que vive com ele há 40 anos.

Melara é um cientista. Não é espiritualista, nem místico, nem religioso, nem esotérico. Mas seus ensinamentos têm muitos pontos de contato com os chamados mestres iluminados, na medida em que, através da limpeza orgânica e do sangue intrínsecos ao seu tratamento, as pessoas conhecem o que podemos chamar de estado meditativo, de focar o pensamento, de se livrar do interminável diálogo interno, do pensamento sem freios – que, para ele, é uma das mais graves “doenças” da Humanidade. Através de seu tratamento, as pessoas aprendem a desligar o mecanismo do pensamento, como ensinam os grandes mestres orientais. Mais do que aprendem: são levadas a isso, pelo equilíbrio funcional e orgânico. E, em certo sentido, Melara é religioso – no sentido de re-ligar o homem às suas raízes, ás suas origens.

A diferença é esta: Melara vai às raízes. Às causas. Através da ciência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Para quem não sabe, a Dharma Filmes está produzindo um longa-metragem sobre Melara. Saiba mais no www.dharmafilmes.com.br/portifolio